segunda-feira, 5 de maio de 2008

A verdade da psicanálise

A psicanálise, como teoria psicanalítica, é muito interessante. Enquanto prática clínica, no entanto, é um estelionato, uma fraude, um jogo sujo, porque cruel, de manipulação e mentiras.

Eu não deveria ter caído na manipulação. Eu deveria ter mantido o controle. Mas a própria técnica, em si, te enreda, faz você se envolver. O fato de serem duas (ou mais) sessões semanais, a postura, sempre dúbia, do profissional, te levam a se entregar.

A verdade é que, quando você entra num consultório de psicoterapia, é porque você não tá bem. Daí, você precisa confiar naquele profissional. Pelo menos teoricamente, ele tem condições – formação, conhecimento - de te ajudar. Então ele vai te falando coisas, ao mesmo tempo em que mantém a distância “ética”, e te deixa confusa. Você sabe que aquela relação é profissional, não pessoal. Mas o que impede de existir afeto genuíno entre as partes? E você começa a se ver envolvida numa relação aparentemente afetiva.

Aí, de repente, como num baile da Cinderela, chega a meia-noite e o encanto se acaba. O príncipe vira abóbora, desaparece. A magia sumiu. Ele te deixou. Não, não é sua fantasia, você não imaginou tudo! A técnica é assim. Ele te faz acreditar que está ali, que você pode contar, que ele se importa, e de repente, puf!... Acabou! É o jogo de cena, é a mudança de posição prevista quando você entra na transferência que ele teceu pra você. Como um aracnídeo, então, ele fica de fora te observando se debater ali na teia, talvez pra cansar, ou porque a adrenalina faça a carne ficar mais macia, sei lá... Não. Na verdade, ele espera que você saia da teia sozinha. Ele teceu, e você tem que aprender a sair, pra como uma libélula sofrer a metamorfose. Teoricamente é fantástico. Não tem como não se convencer. Mas acho que a técnica não pode ser seguida à risca, como uma receita de bolo, pura e simplesmente. As pessoas não são iguais. E também acho que aquele ser humano deveria realmente se importar com você. Só assim ele teria condições de adaptar a famosa técnica ao seu caso particular. Ele precisava te ver, não à técnica. Ele precisava se interessar por você, pelos seus sentimentos, e pelo que ele despertou tão ardilosamente, fazendo você crer no que não existia, num manejo sórdido, sádico.

2 comentários:

Gabriela Melo disse...

Nossa!...
Eu também acho a teoria da psicanálise muito interessante, mas nesse ponto eu concordo com você. Não deveria ser seguida à risca, o profissional deveria se permitir ver melhor.

Muito bom o seu texto, viu, mãe! Muito bom mesmo!

Beijinhos

Rodrigo disse...

Olá, Edna.

Não é a primeira vez que vejo alguém fala tão amargamente de seu analista/terapeuta. Espero que o dano não tenha sido grande demais.

Saudades de você!

Um beijo,
R.